domingo, 28 de fevereiro de 2010

ERROS COMO FONTE DE APRENDIZAGEM DO EMPREENDEDOR

Empreendedores cometem grandes erros. Em tempos de mudanças descontínuas, erros não bastam.
São necessários “grandes” erros. Atribui-se grande parte do sucesso dos empreendedores bem-sucedidos a uma cultura corporativa livre de culpas que se distingue pelo empenho em avançar sem vacilações, apesar dos erros que se cometem no momento de inovar.
É difícil lembrar-se de outra época que fosse menos convidativa do que a atual ideias de novos produtos ou serviços. Realmente, isso não é tarefa para qualquer um, mas muitos empreendedores não se mostram dispostos a reduzir suas ambições em nem um centímetro.
Sabem - ou intuem – o que precisam fazer: trabalhar um pouco mais e de forma mais inteligente. Transforma crise em oportunidade, seguindo o ensinamento chinês de que essas são as duas faces da mesma moeda.
É preciso preparar as pessoas com bastante antecedência para as rupturas que podem ocorrer nos ciclos econômicos.
O empreendedor se pergunta o que precisa ser feito e o que é melhor para a empresa; desenvolve planos de ação e os comunica; concentra-se mais nas oportunidades do que nos problemas; cuida para que as reuniões sejam produtivas; pensa e diz “nós” em lugar de “eu”.
À medida que uma empresa cresce, fica cada vez mais difícil depender das ideias de uma só pessoa. A inovação precisa estar sempre ativa e não depender da engenhosidade de um único indivíduo ou de um pequeno grupo de gênios.
O empreendedor tem que manter o espírito empreendedor em constante ebulição diante das diversas ondas de mudanças tecnológicas e econômicas.
Deve gerir o trabalho de adaptação, que consiste em aprender a lidar com os conflitos existentes entre as crenças e a realidade a ser enfrentada.
Para sobreviver a esse novo paradigma é necessário desenvolver o posicionamento, a inovação, a produtividade, os recursos físicos e financeiros, a rentabilidade, o desempenho dos trabalhadores e a responsabilidade pública.
Caberá ao empreendedor da Era Digital, pessoa com responsabilidade social, ético, gerir um empreendimento baseado na inovação, que estará destinado a criar os negócios baseados no conhecimento.
As principais fontes de inspiração do empreendedor em busca da inovação são:
a)novos produtos ou serviços;
b)novas técnicas de produção;
c)novas práticas operacionais;
d)novas formas de distribuição de produtos ou serviços aos clientes;
e)novos meios de transmitir informações ao cliente;
f)novas formas de gerenciar a organização.

As sete frases que matam a inovação são:
a)temos que proteger a nossa “vaca leiteira” a qualquer custo, foi o que aconteceu a IBM que tentou proteger os “mainsframes” e acabou por perder o barco dos computadores pessoais;
b)a nossa é uma indústria madura: não há possibilidade de crescimento nem de inovação. Os mercados maduros são uns mitos. Quem imaginaria que as pessoas pagariam caro por um par de sapatos desportivos? Até que apareceu em cena a Nike e a Reebok;
c)o nosso negócio e o de mercadorias. Há sempre a possibilidade de se diferenciar. A mãe das mercadorias é a água e, no entanto, os franceses dominam com maestria o seu marketing atribuindo-lhe marcas como a Perier;
d)só as pessoas com espírito empreendedor em pequenas empresas podem inovar. A maioria das inovações surge de pessoas que trabalham para terceiros, provando que para inventar, inovar não é preciso ser o patrão. Todos os 60 mil produtos lançados por ano pela 3M são criação de empregados assalariados;
e)os inovadores nascem, não se fazem e não temos ninguém com esse traço de personalidade na nossa empresa. É o processo organizacional usado pelos empreendedores que criam um ambiente que conduz à inovação de produtos/serviços. Por que razão durante décadas os chineses de Hong-Kong eram tão inovadores, enquanto os seus pares na China o não eram? A resposta é o sistema que num lado fomentava a inovação e no outro o abafava;
f)a criação de novos produtos/serviços é demasiada arriscada. As empresas inovadoras correm riscos calculados e sabem exatamente quais os riscos e toma medidas para correr os riscos de forma muito bem calculados; e
g)não temos os recursos necessários à inovação. As empresas inovadoras canalizam os seus recursos para as áreas onde há oportunidade.
Um grande número de inovações no ambiente produtivo não resulta necessariamente em novos produtos, processos ou serviços, mas sim em melhorias dos existentes.
Embora existam dezenas de definições de que seja inovação tecnológica, a mais adequada que vimos até hoje é a aplicação do conhecimento no desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, ou na melhoria destes, que gere valor social, econômico ou diferencial competitivo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

VIRTUDES DE UM BOM EMPREENDIMENTO

Uma boa ideia é importante; o capital, também. Porém o que mais importa é o potencial das pessoas.
O processo empreendedor pode ser representado como um triângulo invertido, em que o ponto de apoio (o vértice de baixo) é o empreendedor; no vértice de cima a direita está o capital e no esquerdo, o projeto ou a ideia. Todo processo empreendedor integra estes três componentes. Quando um empreendimento não é bem-sucedido, sempre se deve a uma destas três razões, ou alguma combinação entre elas: o empreendedor não foi bem, não obteve o capital ou o projeto empreendido era o equivocado.
O triângulo se apoia no próprio empreendedor. De sua firmeza depende, em grande parte, que o modelo não se desmorone. O empreendedor brilhante sempre levanta as fontes de capital necessárias para conceber um grande projeto, mesmo diante de uma conjuntura desfavorável.

O PROBLEMA NÃO É O CAPITAL.
Existem casos nos quais o empreendedor tem acesso ao capital desde o início. Todavia isso não lhe garante ter a ideia adequada e menos ainda, que venha a ser um excelente empreendedor. A experiência indica (e isto não é de modo algum uma regra se não uma simples observação empírica) que muitos filhos de pais ricos têm ideias e capital de sobra, contudo falham em sua paixão e compromisso com o empreendimento que pretendem criar. Carecem de determinação, firmeza para empreender, e isso é crucial na hora de encarar dificuldades.

O PROBLEMA NÃO É A IDEIA.
Em relação ao projeto, salvo poucas exceções, as boas ideias não são originais a 100%. Muitos empreendedores cometem um grave erro ao crer que sua ideia deve ser única. E, quando a encontram, são tomados pelo temor de que todo o mundo queira a “roubar”. Assumem então uma atitude “super protetora” de sua ideia, a atuar um pouco a maneira dos agentes secretos dos filmes de espionagem.
Em lugar de sair a apresentar e contrastar a ideia com o mercado, com especialistas da indústria, a protegem ao tal ponto que nunca reúnem a informação necessária para saber se é um bom projeto. Pode resultar duas coisas: levar adiante sua ideia sem uma boa compreensão do mercado (e fracassar) ou o projeto nunca se concretiza (fracassar sem tentar).

O SEGREDO DA IMPLEMENTAÇÃO.
Seguramente, Quando Bill Gates pensou em desenvolver software para computadores pessoais, tinham outras milhões de pessoas que pensaram o mesmo. O que o diferenciou? Parafraseando a Peter Drucker: “Por uma ideia pago 5 reais; por uma implementação, pago uma fortuna!”. O segredo não está em perguntar “qual é sua ideia?” Sim em responder “o que vai fazer que você e sua equipe possam transformar essa ideia em algo de sucesso”.
Por isso, o triângulo do processo empreendedor aparece invertido: porque a base de todo é a qualidade da equipe do empreendedor.

NASCE-SE OU SE FAZ?
Se a chave é o próprio empreendedor e sua capacidade, a pergunta é como podemos formar empreendedores. Há pessoas que dizem que é impossível modificar certas características inatas, e que isto é o determinante na hora de empreender. Por outro lado, outros asseguram que “tudo se faz, nada é inato, tudo se pode desenvolver”.
Podemos destacar as características comuns que encontramos nos grandes empreendedores que são: ter uma visão clara do negócio e permitir-se sonhar com ela; assumir um papel de protagonista; ter uma atitude de contínua aprendizagem; desenvolver a auto-estima para obter maior firmeza nas decisões; enamorar-se de seu projeto com um compromisso incondicional; aprender a trabalhar em equipe; assumir riscos para alcançar a independência e, sobretudo, divertir-se no processo dos próprios acertos e erros.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Marketing ensina como "vender" os candidatos

O ambiente nas agências de propaganda e consultorias, é efervescência - reaquecimento da economia? Não, são as eleições deste ano.
Cativar o eleitor hoje exige a montagem de um verdadeiro exército de especialistas de marketing.
Nesta guerra, a batalha pelo voto, todos os instrumentos são válidos. Pode-se questionar o transporte puro e simplesmente, das técnicas de marketing para a política. Contudo, não se contesta que o marketing do voto veio para ficar.
O sucesso ou insucesso de uma candidatura pode-se creditar à aplicação, ou não, de marketing eleitoral.
Afirmar que o marketing caracteriza-se por "criar um produto/serviço a partir de uma série de condicionantes e que um político não se fabrica: ele tem qualidades inatas, desenvolvidas em sua própria militância", não invalida a tese de que as técnicas de marketing podem ser uma ferramenta muito útil na escolha de um candidato (produto).
Defendemos a ideia de que a opção por uma candidatura, a nível dos partidos, deva ser precedida por uma ampla consulta às bases (consumidores) dos partidos. Seria uma espécie de teste para o candidato(produto) pois não correríamos o risco de assistir candidaturas "não decolarem", serem rejeitadas pelos eleitores (consumidores)
As responsabilidades do eleitor (consumidor) são muito maiores do que as do consumidor, no papel de eleitor, pois, ao escolher seu candidato(produto) ao contrário de um produto, a sua escolha eleitora, depositada nas urnas, e irreversível - o eleitor (consumidor) pode-se arrepender-se - vida eleições de 2000 - porém não conseguirá mais reverter o seu voto.
O marketing político vem ocupando, cada vez mais, espaço nas atividades das agências de propaganda com seus setores de planejamento, pesquisa, elaboração de discursos, etc. trabalhando a todo vapor.
A tarefa de preparação de um candidato exige um profundo conhecimento de política. Todavia, isto por si só não garante a vitória de ninguém, é trabalho que demanda muita dedicação e tem um custo que se pode considerar alto.
Acreditamos que, num estágio mais avançado de nossa política, o marketing exercerá um papel de relevância nosso processo democrático. Os partidos políticos não devem só divulgar suas ideias e programas em épocas eleitorais, urge que o seja de forma continua.
No futuro, com o apoio das tecnologias da informação, o exercício de escolha de candidatos será mais democrático, ouvindo-se, realmente, as bases para se evitar que os "caciques" empurrem "goela abaixo" candidaturas sem respaldo eleitoral, que correm o risco, mais tarde, de ser substituídas ou radicalmente transformadas.
A pesquisa eleitoral tem papel importantíssimo, na consolidação de uma candidatura por refletir as aspirações tendências eleitorais (mercado), sendo um instrumento básico, pois balizará a linguagem do candidato, tornando-a o mais acessível possível na condução das propostas ao eleitorado(consumidor da candidatura).
Para François Ferrus - especialista francês em marketing eleitoral - "a importância de se destacar, através de pesquisas - as características mais gerais da mentalidade do eleitor não só suas preferências políticas", ajudaria bastante aos candidatos na montagem de sua estratégia eleitoral.
Como numa "guerra" a moral do exército é fundamental, assim é necessário "construir, inventar um inimigo para motivar o pessoal envolvido na campanha".
O candidato pode, com segurança, sensibilizar o eleitorado? Sim, desde que trabalhe com competência, afinco às aspirações do eleitorado (consumidor). O discurso para periferia do Recife não é o mesmo para as elites, e a não observância desta simples regra de marketing - segmentação de mercado - pode ser mesmo fatal para um candidato (produto).
Não estamos advogando aqui que o candidato violentará seus ideais. Todavia, ele, necessariamente, terá que ajustar as suas propostas às expectativas dos seus eleitores (consumidores).
Os homens em geral, julgam antes com os.....dizia Maquiavel - o mestre da arte política.
O visual do candidato (produto), na era do domínio da mídia, é um item de um composto que um candidato (produto), que pode decidir uma campanha. Quem melhor souber aproveitar o espaço gratuito da televisão poderá desequilibrar - uma campanha.
Sérgio de Andrade, especialista em marketing político, dá algumas dicas de como se posicionar nesta área - na tevê, "o que se passa primeiro e a expressão do rosto. Finalmente, o conteúdo, num nível emocional: a mão só pode ir até a altura do ombro. Acima disso é comício; campanha política não é jornalismo, é propaganda; não existe campanha cara, a única coisa cara é a derrota".

Assim, mãos à obra, digo, ao marketing!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

EMPREENDEDORISMO= ESPÍRITO EMPREENDEDOR + OPORTUNIDADE + LIBERDADE DE AÇÃO

O grande debate continua no século XXI, apesar da consolidada superioridade do mercado livre como provedor de prosperidade, porque uma série de concepções errôneas impedem que o capitalismo democrático seja visto como um sistema moral. Desvirtuar as concepções errôneas deve ser nossa prioridade no debate de nos anos próximos.
O grande debate econômico do século XX enfrentou as coletivistas com os defensores do mercado livre. Desde certa perspectiva os segundos ganharam, quando caiu o Muro de Berlim em 1989, o mundo constatou que o socialismo soviético havia sido um fracasso catastrófico e um assassino de massas. Porém desde outra perspectiva o debate prossegue. O capitalismo democrático ainda não foi submetido ao ideal coletivista.

Ao inicio do século passado parecia que o mercado livre estava ganhando adeptos em todas as partes, porém dos acontecimentos deram nova vida ao coletivismo:
A Primeira Guerra Mundial desagregou vários paises e fez germinar as sementes do comunismo, do fascismo, do nazismo, incluso o fundamentalismo árabe que enfrentamos hoje. A guerra levou grupos de ocidentais a pensar que a administração dos assuntos, em mão de um punhado de indivíduos no governo, seria mais efetiva que a gestão desorganizada dos povos livres. Muitos creram que ao incrementar massivamente os poderes do governo e os impostos, os recursos financeiros da sociedade seriam geridos em forma planificada e se alcançariam aumentos massivos da produção. A Grande Depressão foi o segundo acontecimento do século XX que fortaleceu ao coletivismo. Muitos atribuirão este fenômeno devastador a falhas do mercado livre, quando as falhas havia que buscá-las nas políticas erradas do governo.

Joseph Schumpeter e outros economistas de renome reconheceram que a economia é um conjunto de atividades dispersas e que, se bem a ideia do equilíbrio econômico pode servir para estruturar uma teoria atrativa que na prática é um disparate. Uma economia saudável é um conjunto de desequilíbrios sucessivos. Em todo momento, umas empresas crescem, outras ficam obsoletas, e tudo está em constante mudança. As fotografias instantâneas não contem a informação necessária para compreender a evolução econômica.

No mundo real, os mercados operam de maneira racional e eficiente. Os reguladores governamentais não podem manejá-los. Nos Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, muitos pensavam que correspondia ao governo administrar a economia para evitar o colapso, todavia, ao final da década de 1970, os desastres causados pela inflação e os impostos elevados haviam mudado a percepção dos americanos. A eleição de Ronald Reagan, em 1980, resgatou os Estados Unidos da economia keynesiana. Desde então, Europa Ocidental estava estagnada. Por exemplo, sua criação de empregos privados tinha sido muito menor do que nos Estados Unidos. A vitalidade econômica estava relacionada com de todos adeptos da livre iniciativa nessa época. Capitalismo democrático continua a defensiva. Por quê?

É bom o capitalismo democrático?

O capitalismo é vulnerável, entre outras razões, porque é percebido como algo imoral. Na película Wall Street, que retrata uma visão comum do mundo dos negócios, o ator Michael Douglas declara que a avareza é coisa boa. A opinião generalizada é que o capitalismo ensina o egoísmo. Se lhe tolera porque cria empregos e prosperidade, porém se lhe equipara ao presente que Fausto recebeu do demônio. Nesta perspectiva, a caridade e o capitalismo são pólos opostos. Uma expressão recorrente no mundo dos negócios muitos têm se pronunciado de vez em quando por distração e encerra a ideia de "devolver" a comunidade algo do que tenha logrado um empreendedor de êxito. A quantidade é algo bom, por suposto. Não há problema com a palavra "devolver" é que ela leva implicitamente a ideia de que o êxito nos negócios equivale a fazer-se apropriado de algo que pertence a outro. Encontramos a mesma ideia em esta afirmação cínica: "Detrás de cada grande fortuna se esconde um grande delito". Estas visões do capitalismo democrático não são corretas.

Pelo contrário, a filantropia e o capitalismo são duas faces da mesma moeda. Em uma economia de mercado, o êxito nos negócios é a contrapartida da satisfação de necessidades e desejos de outros. Nada pode ter êxito a menos que deixe fornecer bens ou serviços que a gente deseja. Nem sequer pensamos nas redes intrincadas de cooperação que estabelece ao mercado. Tomemos por exemplo, o individuo que abre um restaurante. Confia em que os granjeiros lhe proporcionarão a matéria prima e outras pessoas se encarregarão de preparar a comida, de empacotá-la, de servi-la ou de entregá-la em domicilio, graças à gasolina proporcionada por alguém mais. São redes maravilhosas de cooperação que surgem todos os dias a través da economia. Ninguém supervisiona. Ocorre espontaneamente. Schumpeter e outros economistas o compreenderam.

Por outra parte, o mercado livre obriga aos indivíduos a olhar até o futuro e a assumir riscos. Não são os raros os que estabelecem empresas como Microsoft. Não devemos tachar de imorais os indivíduos que trabalham para beneficio próprio e de suas famílias. Nascemos com talentos recebidos de Deus e é próprio que desenvolvemos plenamente nossos talentos. Há aqui a grande virtude do capitalismo democrático: garantia que ao desenvolver nossos talentos contribuímos ao bem estar alheio. As estatísticas mostram que os Estados Unidos são a nação mais empreendedora e a mais filantrópica da historia humana. Empreendedorismo e filantropia vão sempre de lado a lado.
Outra vulnerabilidade do capitalismo democrático é que, se bem gera progresso e eleva o nível de vida da sociedade, o progresso parece ser perturbador. Os coletivistas sabem explorar a resistência natural à mudança. No século 19, a Revolução Industrial foi retratada em inumeráveis pinturas e escrita que enfatizaram a agricultura pastoral do passado. Quando apareceram as ferrovias e mais tarde os automóveis, as carruagens puxadas por cavalos caíram em desuso. Se houvesse existido na época um programa de negócios na televisão, seguramente teria fustigado a Henry Ford por haver deixado sem trabalho os fabricantes de carruagens e os ferreiros. Em meados do século passado, as salas de cinema quebraram pelo advento da televisão. Agora, Internet põe em alerta aos jornais e as empresas tradicionais de publicidade.

As perturbações são inevitáveis no mercado livre. O objetivo político é deixar que ocorram em vez de deter o progresso.

Em décadas recentes, os coletivistas têm enrolado a bandeira do meio ambiente para promover seus objetivos. Todos desejam ar puro e égua limpa. Proteger elefantes e tigres também é coisa boa. Porém denuncio aos que buscam controlar a economia invocando a conservação do meio ambiente. Houve uma época em que os socialistas ameaçavam condenar a quem não se afiliar a sua nova religião cristã. Também a eles os tinham denunciado. Se realmente queremos melhorar o meio ambiente, são contraproducentes as ações que apontam a incrementar as regulamentações do governo ou a destruir as fábricas. A riqueza é amiga e não inimiga do meio ambiente. Quando aumenta a riqueza da sociedade, a gente quer viver melhor, e um meio ambiente diáfano se vive melhor. As novas tecnologias ajudam a lográ-lo. Consideremos a plataforma marítima do Brasil.

Ali, nos últimos quarenta anos, a população das cidades que estão próximas as plataformas de petróleo que tem se multiplicado. Há mais desenvolvimento imobiliário, mais centros comerciais, mais urbanização, porém também temos mais árvores. A tecnologia, que nos permite produzir maiores quantidades de alimentos em menores extensões de terra, contribui na preservação do meio ambiente.

Outros mitos coletivistas

Quero agora referir-me a outros três mitos que promovem o coletivismo. O primeiro define a demanda como o motor do crescimento econômico. Os economistas coletivistas se referem com frequência a "demanda agregada" que, segundo eles, impulsiona o crescimento. Seguidores de Keynes, veem a economia como uma máquina. Sem dúvida, a economia é o conjunto de dezenas de milhões de indivíduos, milhões de empresas, milhões de tecnologias. Ninguém sabe como se combinam as vontades diariamente. Ninguém pode prever quais decisões levaram ao êxito nem, quais levaram ao fracasso. Por acaso alguém pode conceber eBay há dez anos? Hoje, sem dúvida, quase meio milhão de indivíduos ganham a vida através de eBay. Quando observo o Google, havia outras dez empresas de busca em operação. Quem havia pensado que o mercado necessitava uma mais? Porém Google encontrou a forma de ultrapassar as que tinham antecedido-a. A chave é a inovação. Se trata de ferrovias, automóveis, computadores, Internet ou iPods, o caminho da inovação é arriscado e tortuoso,contudo somente recorrendo-o se pode saber quais coisas gerarão resposta no mercado e quais não.

Os princípios da prosperidade

Permitam-me agora referir-me a cinco princípios básicos do crescimento econômico. Em primeiro lugar está o Estado de direito. Sem a igualdade de todos os indivíduos ante a lei, os empreendedores não podem por em causa os negócios já existentes. Devem erradicar os acordos entre os empreendedores estabelecidos e o governo, porque esses acordos podem resultar em regulamentos que impedem o ingresso de empreendedores novos aos mercados.

O segundo princípio essencial é a garantia dos direitos de propriedade. Quando uma pessoa compra um terreno, todos devem reconhecer que esse terreno lhe pertence. Há alguns anos, Hernando de Soto constatou que 88 por cento dos negócios e as moradias do Egito são ilegais. Por quê? No Brasil, já se pode estabelecer um negocio legal em poucos dias. No Egito, esta tarefa tomaria uns dois anos. Os egípcios devem lidar com numerosas burocracias e desembolsar numerosos subornos. Portanto, a ilegalidade tem vantagens. Contudo operar um negócio a margem da lei limita a possibilidade de crescimento. A maioria das empresas informais nunca ultrapassa o círculo da empresa familiar, porque se crescem demasiado, podem chamar a atenção das autoridades fazendárias. O grupo de Hernando de Soto também constatou que 92 por cento das moradias egípcias são ilegais. Em algumas áreas, as famílias que ocupam as residências podem ter contratos, entretanto a poucos metros de distância esses contratos são inválidos. No Egito e em muitos países, não existe um sistema uniforme para estabelecer e proteger os diretos de propriedade. O resultado é que dois terços da população do mundo são donas de propriedades que valem nove trilhões de dólares e que são capital morto.

O que entendemos por capital morto? Recordemos que aqui, nos Estados Unidos, a fonte mais importante de capital para negócios novos não é Wall Street, nem o banco da esquina, nem o capitalista de risco. É o mercado de hipotecas. As famílias hipotecam suas propriedades ou subscrevem uma segunda hipoteca quando desejam iniciar um negócio. Isto não é possível em muitos países. O Japão compreendeu este princípio e a ele se deve o auge econômico que alcançou depois da Segunda Guerra Mundial. O General MacArthur aboliu o sistema feudal de propriedade, no qual os camponeses somente tinham um sistema informal de transferência de terras, e estabeleceu um sistema formal de direitos de propriedade. Imediatamente a economia japonesa arrancou. Ao darmos as garantias aos direitos de propriedade reconhecemos plenamente sua importância para o desenvolvimento econômico e social da sociedade.

Os impostos baixos constituem o terceiro princípio da prosperidade. Os impostos não são somente mecanismos para gerar ingressos fiscais. São também um preço. O imposto sobre a renda é o preço que pagamos por haver trabalhado, o imposto sobre as utilidades é o preço do êxito nos negócios, o imposto sobre os lucros de capital é o preço cobrado aos que assumem riscos. Diante desta perspectiva, a importância dos impostos baixos se capta facilmente. Quando reduz o preço de algo bom — como o trabalho, o êxito ou a aceitação do risco—a gente tende a demandar mais. Ao elevarmos o preço, haverá menos consumidores interessados nessas coisas boas. Em 2003 os impostos baixaram nos Estados Unidos e a economia começou a crescer novamente. Mais uma vez temos comprovado que reduzir os impostos não provoca redução dos incentivos fiscais. Ao incrementar os incentivos, a gente trabalha mais e ao governo arrecada mais.

O quarto princípio é um sistema simples para estabelecer um negócio legal. Sacar as burocracias do processo injeta nova vitalidade a economia. E o último princípio é a liberação do comércio internacional. Todos nos beneficiamos com a expansão dos mercados e as novas oportunidades de intercâmbio.

Para terminar, desejo insistir no que disse no princípio. O grande debate continua no século XXI, apesar da consagrada superioridade do mercado livre como provedor de prosperidade, porque uma série de concepções errôneas impede que o capitalismo democrático seja visto como um sistema moral. Desvirtuar as concepções errôneas deve ser nossa prioridade no debate dos anos vindouros.